domingo, 28 de novembro de 2010

Pensando freire: leitura e escrita

Colegas aqui vai uma reflexão relacionada a Freire

VISÃO POLÍTICO-EPISTEMOLÓGICA DE PAULO FREIRE
Destaco três idéias que retirei do livro de Moacir Gadorri “Paulo Freire: uma biobibliografia” e umildimento atrevo-me a realizar alguns comentários tendo em vista que meus conhecimentos sobre Freire ainda estão em fase inicial de aquisição, são eles:
1) “Quando o homem e a mulher se percebem como fazedores de cultura está vencido, ou quase vencido, o primeiro passo para sentirem a importância, a necessidade e a possibilidade de se apropriarem da leitura e da escrita. Estão alfabetizando-se, politicamente falando.” (37)
Nessa palavras consegue-se perceber claramente a conotação politica e pedagógica nas práticas e nos pensamentos de Freire. Encontramos aqui as questões referente a apropriação de conhecimento com algo que se conquista, se constrói a partir de um entendimento do sentido que a leitura e a escrita terá em suas vidas, percebem na leitura e na escrita uma forma de luta contra o opressor. Os educandos quando se alfabetizam na perspectiva de uma pedagogia Freiriana, muito antes de codificar e decodificar letras, percebem-se sujeitos ativos de suas histórias, sujeitos com possibilidade de intervir no mundo em que vive, sujeitos que reconhecem-se como construtores e portadores de uma bagagem cultural própria e não como meros repetidor de uma cultura que não é a sua, uma cultura que na verdade despreza, na maioria das vezes, a cultura trazida pelo proletariado. Quando alfabetizo crianças, e aqui falo de crianças por ser alfabetizadora desta gente miúda, sempre procuro saber qual o conhecimento de leitura e escrita que possuem, e que valor a cultura escrita tem na comunidade escolar, partindo das práticas culturais desta comunidade procuro palavras significativas para iniciar o trabalho de alfabetização escolar, sempre tendo presente que aquelas crianças, como nos ensinou Freire, já sabem ler o mundo esta leitura de mundo que fazem para mim é o ponto de partida para aprenderem a ler as palavras. Neste processo elas sentem seus saberes valorizados, sentem-e parte da escola e percebem que não existe uma hierarquia de saberes e sim um novo conhecimento a ser construído.

2) O “Método” nega a mera repetição alienada e alienante de frases, palavras e sílabas, ao propor aos alfabetizandos “ler o mundo” e “ler a palavra”, leituras, aliás, como enfatiza Freire, indissociáveis. Daí ter vindo se posicionando contra as cartilhas.
Em suma, o trabalho de Paulo Freire é mais do que um método que alfabetiza, é uma ampla e profunda compreensão da educação que tem como cerne de suas preocupações a sua natureza política.
Freire nos fala em alfabetização inicial, mas sua pedagogia é um convite a reflexão sobre os processo de educação em geral na escola. Nossas práticas, mesmo que não tenhamos consciência são atos políticos, tendem a formar sujeitos ativos ou passivos. Quando trabalhamos partindo do interesse dos alunos e possibilitando que eles sejam sujeitos de seus conhecimentos, como é o caso dos PAs, estamos oportunizando ao nosso aluno ser protagonista do seu conhecimento, rompemos com a educação tradicional.

3)Consciência crítica não significa confrontar-se com a realidade, assumindo uma falsa posição intelectual, que é ‘intelectualista’. Consciência crítica não pode existir fora da práxis, isto é, fora do processo ação-reflexão. Não existe consciência crítica sem comprometimento histórico. Portanto, consciência crítica significa consciência histórica.(125)
Lendo essas palavras de Freire onde ele vem falando sobre questões de consciência de classe relacionada a necessidade de um conhecimento e comprometimento histórico, e de ações-reflexões, rapidamente penei em nós professores, e porque nossas lutas estão cada vez mas “fracas”, nossa voz pouco é ouvida, e todos os males da educação recaem em nossos ombros sobre alegações de que não temos formação suficiente, não temos vontade real de trabalhar, estamos descomprometidos com a educação e assim por diante. Percebo então que o que enfraquece nossas lutas hoje talvez seja justamente a falta de consciência de classe advinda de um desconhecimento histórico da formação da identidade docente, na verdade em muitos momentos não encontramos nossa identidade docente. Percebo em algumas conversas com colegas o total desconhecimento das politicas educacionais e como estas afetam o nosso fazer pedagógico e consequentemente a vida da sociedade em geral.

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